Geoparque Naturtejo da Meseta Meridional – Portugal


Caros Geoleitores, 

Hoje vamos atravessar o Atlântico e conhecer um pouco mais sobre o Geoparque Naturtejo na região central de Portugal.

Em postagens anteriores já falei sobre os conceitos de Geoparques, mas segue o link para mais informações: Geoparks.

O Geoparque Naturtejo da Meseta Meridional foi o primeiro Geoparque Português a integrar a Rede Global de Geoparques e ser reconhecido pela UNESCO, em 2006. Ocupa o território de 06 concelhos, sendo eles Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova, Nisa, Oleiros e Vila Velha de Rodão.  

Nossa visita ao Geoparque se deu a partir de Coimbra e fez parte de algumas excursões realizadas pelo Congresso Internacional de Geociências em 2012. Mas, pelo que vimos o acesso é muito tranquilo e no site do geoparque tem vários panfletos com mapas e rotas.

Nossa visita começou com um passeio de barco pelo Rio Tejo (Rio mais importante da península Ibérica) de onde podemos contemplar o Monumento Natural das Portas de Rodão. Nesse lugar o Tejo fez um belo trabalho, “entalhando” as rochas ao longo de milhares de anos.

Essas rochas são chamadas de Quartzito, é uma rocha metamórfica, ou seja, que sofreu uma “metamorfose” ou transformação. Nesse caso, o quartzito é resultado da transformação de uma rocha sedimentar, o arenito. (Ver: Quartzito e Rochas Metamórficas).

O Tejo, ao longo de milhões de anos e aproveitando fraturas (rachaduras) nessas rochas escoou entre o vale e foi, dia após dias transportando os sedimentos para outros lugares, até formar a paisagem linda que vemos hoje.


Portas de Rodão

Às margens do rio ainda podemos ver os rejeitos de uma antiga mineração de ouro. Rejeito é o que sobra extração mineral, o que não tem valor comercial. Ou seja, o ouro era encontrado misturado com as areias às margens do rio e essa areia ia sendo remexida. O ouro era levado para o comércio e esse rejeito ia ficando amontoado. E assim permanece nos dias de hoje.

Rejeito da antiga mineração de ouro às margens do Rio Tejo

Outro atrativo bastante interessante nesse geossítio é a observação das aves. Até fazem uma brincadeira conosco, nos pedindo para encontrar as aves camufladas nas fendas do quartzito. Existem placas de informações e fotografias explicando a fauna local.

Observação das Aves

Em um detalhe da foto anterior, é possível ver a Cegonha Negra e o Grifo


Após o passeio de barco seguimos até um mirante de onde pudemos contemplar a paisagem e entender melhor os processos geológicos que atuaram no local.


Mirante Castelo de Rodão - observação de aves e contemplação da paisagem

Panorâmica feita a partir do Mirante Castelo de Rodão

A Pausa para o almoço

Nossa pausa para o almoço não deixa de ser em um geodestino, ou melhor, em um Georestaurante, o “Georestaurante Petiscos e Granitos” que fica na Aldeia Histórica de Monsanto - Idanha-a-Nova (Naturtejo: Onde comer).

A comida é ótima, o atendimento também, o vinho estava maravilhoso, mas, o maior atrativo mesmo é o restaurante em si. Que foi construído cravado nas rochas, mais precisamente no “Granito” aproveitando todas as suas particularidades.

"Georestaurante Petiscos e Granitos"

"Georestaurante Petiscos e Granitos"

"Georestaurante Petiscos e Granitos"

Após caminharmos um pouco pelas ruas charmosas de Monsanto, que se encontra edificada sobre o Granito, seguimos para o Parque Icnológico de Penha Garcia. Em Penha Garcia predominam os quartzitos, mas a atração principal são os Icnofósseis dos trilobitas.

Vale quartzítico de Penha Garcia

Antes de falar mais do lugar, é bom diferenciar fósseis de icnofósseis. Os fósseis são os restos de organismos (fauna ou flora) que por condições naturais do ambiente resistiram a milhares de anos e fossilizaram, ficando esse registro nas rochas. Já os Icnofósseissão marcas deixadas pelos organismos, como por exemplo: pegadas, marcas de rastejo, etc.

No caso de Penha Garcia, existem inúmeros desses icnofósseis, marcas deixadas por um bichinho que há milhares habitavam os mares de várias regiões do globo. Essa região ha aproximadamente 480 milhões de anos era formada por um oceano, onde habitavam os trilobitas.

Os Trilobitas eram artrópodes, viveram durante toda era paleozoica. Desde o Cambriano até o Permiano (Aprox. entre 542 e 250 milhões de anos). Eles resistiram a várias extinções em massa, mas durante o permiano, não resistiram e foram extintas.

Ao se locomover esses bichinhos deixavam marcas diferentes, dependendo do ambiente em que estavam, se parcialmente enterrados no fundo oceânico, se parcialmente enterrados na lama ou se arrastando sobre a superfície do fundo oceânico. Neste caso, as marcas encontradas são chamadas de Cruziana. (Cruziana de Penha Garcia). 


A Joana, geóloga que nos acompanhou explicando como os trilobitas se locomoviam.

Painéis informativos ao longo das trilhas.

É possível ver em vários afloramentos rochosos os icnofósseis conservados.

Um foto do grupo, com detalhe para a réplica de Trilobita.

No próximo post sobre Portugal, falarei do Geoparque Arouca, onde são encontrados os maiores fósseis de Trilobitas do mundo. Assim, em breve contarei mais um pouco da história desse bichinho simpático, que infelizmente não existe mais. 

Ainda sobre a região, é importante destacar a importância histórica, onde tem-se ruínas de castelos e outras edificações bem antigas e inclusive do período da ordem dos cavaleiros templários.

Ruínas do Castelo de Penha Garcia.

Torre do Rei Wamba - Séc. XII. A Torre fica próximo ao mirante da foto 5 deste post.

A quem interessar saber um pouco mais sobre esta viagem e o Geoparque acessar:


Cruziana

Até o próximo Geodestino!!!
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