Pompeia - Geodestino mais que especial (Série Nápoles - Parte I)

Caros GEOleitores, voltei 😍 🙋

Pensei bastante em qual seria o título para essa retomada e então escolhi falar da região da Campânia ao sul da Itália. Para não ficar muito cansativo farei uma série com quatro posts: 1. Pompeia; 2. Herculano; 3. Vesúvio e 4. Nápoles e Museu Arqueológico 😉

Iniciarei com as ruínas históricas de Pompeia. O lugar é mágico e vou ser sincera: mexeu com meu emocional.
Pompeia: Templo de Júpiter e o imponente Vesúvio em segundo plano.

Bom, é comum às pessoas que vão a Pompeia e Herculano se hospedarem em Roma e fazerem o famoso bate e volta ao fim do dia. Mas nós (eu e minha irmã) tínhamos outros planos. Nosso roteiro incluía ainda uma subida ao Vesúvio e uma visita ao museu Arqueológico em Nápoles. Queríamos muito vivenciar a cidade, embora seja um destino que divide muitas opiniões.

Adoramos Nápoles, especialmente porque saímos um pouco do circuito turístico, conhecemos típicos napolitanos principalmente nas padarias, pizzarias e sorveterias (Mas isso é assunto para outro post).

Se você não tiver tempo ou não se interesse por Nápoles, tudo bem você fazer o bate e volta. Mas eu sugiro se hospedar em Nápoles, experimentar o doce “babá”, comer pizza a portafoglio em pé na rua e/ou experimentar a pizza da Michelli conhecida pelo filme comer, rezar e amar...Enfim, acho que vale a pena.

Pizzeria da Michele - Esperando nossa vez.

COMO CHEGAR

Vamos lá... Saímos bem cedo para a estação de trem, mas paramos numa típica padaria napolitana para comprar umas comidinhas e ai já viu. Engatamos uma conversa com uns bons velhinhos napolitanos que lá estavam e ficou aquele: fala italiano, responde em espanhol, rebate em inglês, explica como fala em português 🙌 mas eles queriam conversar e não se preocupavam com a barreira da língua. Enfim, tivemos que ir correndo “literalmente” pra estação centrale de Nápoles.

Pegamos o trem que vai até Sorrento da circumvesuviana, são trens urbanos, nada turísticos e ali você já mergulha no cotidiano dos napolitanos e de quem vivem em toda a região. Uma viagem que vale muito a pena. Um conselho: não vá de excursão, se aventure nessa experiência. (Ver: Napoli-Sorrento)

Trecho da nossa viagem pela circumvesuviana - estava bem vazio, mas dependendo do horários os trens circulam bem cheio.

Optamos por ir primeiro a Pompeia, mas não foi um bom negócio. Achei Herculano menor e fica antes. Portanto, se quiser fazer os dois sítios no mesmo dia, aconselho ir a Herculano que está no caminho e em seguida Pompeia, tirando o resto do dia pra se aventurar em suas ruínas.

A descida em Pompeia é na estação Pompei Scavi – Villa dei Misteri (cuidado, pois há mais de uma estação) o sítio todo tem mais de uma entrada, a área é enorme. Difícil de acreditar que aquilo tudo ficou soterrado por tanto tempo. 


Estação Pompei Scavi – Villa dei Misteri

Pompeia (Pompeii)

A história de Pompeia e redondezas é marcada pela a famosa erupção do vulcão Vesúvio no ano de 79dC (Outro post 😉).

A cidade está situada a pouca distância do mar. Provavelmente surgiu a partir de um pequeno e antigo povoado existente já no século VII a.C, nas redondezas de um assentamento "Osco-campano", fundado desde o século IV a.C e que graças a posição geográfica se desenvolveu com rapidez (Coleçao Kina Italia/LEGO - Italy)

Em Pompeia tentamos percorrer o máximo que pudemos e visitar as principais ruínas, muitas com afrescos, mosaicos e esculturas ainda preservadas. Os principais artefatos e obras de arte encontradas em Pompeia estão no Museu Arqueológico de Nápoles.

Primeira dica: pegue um mapa do sítio (Mapa) e já tenha traçado com antecedência os principais pontos de visitação. Se achar viável você pode alugar um guia de áudio, indicando os principais atrativos. A área é bem grande com muitas ruelas estreitas e parecidas. Perder-se ou ficar a andar em círculos é mais comum do que se imagina  (aconteceu conosco🙈). 

Andamos bastante e entramos em várias ruínas. Vimos vários tipos de edificações, afrescos, termas, anfiteatro, um prostíbulo e moldes em gesso de corpos de pessoas que morreram durante a erupção. É um verdadeiro mergulho no tempo e nos hábitos da Roma antiga. Mas, como queríamos ir ainda a Herculano, não visitamos tudo. 

Início

Começamos nossa jornada pela “Porta Marina”, seguimos pela "Via Marina", passando pelas ruínas da basílica, até chegar na grande área aberta, o Fórum de Pompeia - uma grande praça onde há imponentes edificações, a exemplo da basílica, templo de Apolo, templo de Vênus, edifícios da administração púbica, edifício eumachia, etc. Dessa área tem-se um vista fantástica do imponente Vesúvio. 


Porta Marina

Parte da grande Praça central - Fórum de Pompeia. Do lado esquerdo pode-se observar um grande galpão onde são guardados alguns artefatos e ao fundo da imagem o vulcão Vesúvio.
Ruínas da Basílica - Importante edifício público, onde muitas transações comerciais foram feitas. Era usado também como um tribunal.

Galpão 

Fica na praça e guarda alguns artefatos como potes, fontes. Vários corpos foram encontrados, muitos em posições que sugerem o modo como morreram. É possível ver algumas exposições em moldes de gesso nas fotos abaixo - A técnica do molde foi utilizada por arqueólogos com o intuito de preservar os corpos. (Ver: Restauração dos corpos).




Giuseppe Fiorelli foi o primeiro grande diretor de Pompeia e idealizador da técnica da ideia de preencher com gesso os vazios deixados pela decomposição dos corpos das vítimas da erupção (Ver: Mortos em Pompeia).


Cachorro petrificado - molde em gesso.

PINTURAS, ESCULTURAS, MOSAICOS E ARQUITETURA

Ao andar por Pompeia vê-se o quanto sua população prezava pela arte. A pintura era um elemento essencial na decoração. É possível observá-las tanto no sítio, quanto no museu em Nápoles. 

Casa di Casca Longus
Casa di Casca Longus vista a partir da entrada principal. Nas paredes ainda é possível identificar algumas pinturas - afrescos. No centro vê-se o impluvium - espécie de tanque que captava águas das chuvas que escoavam pela abertura no teto da casa.

Casa di Casca Longus - vista para a porta de saída. Em primeiro plano uma réplica da estrutura original de uma escultura feita em mármore contendo três leões esculpidos. Era na época uma base de mesa.

Pinturas preservadas nas paredes da Casa di Casca Longus.

As esculturas também foram uma das expressões artísticas muito encontradas na decoração dos edifícios e muitas obras de grande valor e beleza resistiram ao tempo e as escavações. O material utilizado para as obras vão desde mármore e bronze à materiais menos nobres como arenitos e terracota. 

Um exemplo é a Casa do Fauno, uma das maiores casas do sítio, onde foram encontradas preservadas esculturas, afrescos e mosaicos. Possui forma arquitetônica harmoniosa e nobre, de gosto helenístico. Data do século II a.C - período sâmnio (200 - 80 a.C).

Dentre os pavimentos em mosaico, logo na entrada da casa tem-se a mensagem latina HAVE, uma saudação para reunião e despedida. No interior destaca-se a famosa batalha entre Alexandre, o Grande e Dario III, rei dos Persas. Foi redescoberto, em 24 de outubro de 1831 na Pompeia, sendo um dos pisos da residência com mosaicos expressivos, de desenhos, cores e luxo atribuídos as casas da elite aristocrática da República Romana. (O mosaico está no museu de Nápoles - outro post).


É possível ver um antigo átrio e há uma estátua de bronze de um fauno dançarino localizada no "impluvium". 

Casa do Fauno - o átrio ao fundo e a réplica da escultura do Fauno dançarino posicionado no centro do impluvium (Mais informações: Casa do fauno). 

Entrada da Casa do Fauno - Inscrição em mosaico "Have". 

Os mosaicos encontrados nas antigas edificações interpretam com grande originalidade elementos religiosos, da natureza, eróticos e do cotidiano. Os diferentes estilos correspondem aos distintos períodos históricos. 

Casa  di Marco Lucrezio su via Stabiana -  Afrescos nas paredes e mosaico no piso.

Casa di Marco Lucrezio su via Stabiana - Piso em mosaico.

As termas

As termas faziam parte do cotidiano da Roma antiga. Eram ambientes para homens e mulheres. Contudo, os eram banhos realizados em áreas separadas. Mais que um simples banho, tratava-se de um ritual, composto de vários momentos, que iam desde o despir-se até as massagens e descanso pós banho. Devido as várias etapas, haviam vários ambientes, cada um com sua função. (Ver: Termas de Pompeia).

Terma do Fórum localizada na Via del Foro. Imagem do O Caldarium - No teto ainda é possível identificar alguns afrescos, preservados ao longo do tempo.

Terma do Fórum - Nas paredes ainda podem ser vistos alguns afrescos e esculturas. Imagem do cômodo chamado de Tepidarium – Ambiente morno. para descanso ou massagens. 

Termas Stabianas - Área da terma com passadiços para proteger a estrutura.

Ruínas do Frigidarium da Termas Estabianas. O ambiente era uma câmara onde eram tomados banhos em água fria ou gelada.

Área externa - Termas Stabianas

Fontes

Há fontes em vários pontos de Pompeia. As mesmas serviam aos pobres, viajantes e animais, uma vez que apenas os mais ricos tinham água em casa.


Fonte estrategicamente localizada no cruzamento de vias principais da cidade. Via della Fortuna, Via Nola, Via del Vesúvio e Via Stabiana esquina com a Terma central. 

Teatro grande e Teatro pequeno (Odeion)


Teatro Piccolo (Odeion)

Teatro Piccolo (Odeion)

Pórtico do teatro (Quadriportico dei Teatri)

Também conhecido como o Quartel dos gladiadores. O pórtico do Teatro foi construído no início do século I a.C. Era usado como uma área de lazer ou abrigo da chuva para os vizinhos espectadores dos teatros, ou, teoria menos aceita, usado como uma escola para atletas.


Quadriportico dei Teatri

Lupanar (Lupanare) 

Em latim: Covil de Lobas. É um dos lugares mais procurados no sítio. Bordel famoso, o maior encontrado em Pompeia, com 10 pequenos quartos no total. Fica bem próximo das Termas Stabianas, em uma ruela estreita da antiga Pompeia. 
Na época o sexo era considerado para os habitantes um ato mágico e divino, praticado livremente por homens e mulheres. Os símbolos com conotações sexuais eram expostos em pituras, mosaicos e diversos artefatos, muitos deles guardados no museu da arqueologia de Nápoles (veremos no post do museu alguns deles 😉). 

Entrada lateral do lupanar, com detalhe para a entrada de um dos quartos e nas paredes estão preservadas afrescos eróticos.

Ambiente é bem pequeno.

Cama em um dos pequenos quartos do Lupanar. 

Segunda saída lateral (ver seta) e uma parada para selfie 🙆
Ruas de Pompeia



Via Stabiana - Estes blocos de pedra (rochas) estão espalhados por vários pontos das ruas de Pompeia. Eram colocados de um lado a outro para facilitar a passagem das pessoas quando houvesse muita água nas ruas. 

Almoço e final da visita

Almoçamos lá mesmo, em um pequeno restaurante localizado próximo a Terma del Foro. Comemos uma pizza rapidinho e seguimos com a caminhada. Nossa aventura por Pompeia terminou no começo da tarde, pois de lá ainda seguimos para Herculano.

É um programa que vale MUITO a pena. Sou suspeita pra falar, pois envolve tudo que mais amo: geologia, geografia, arqueologia, história... É sem dúvidas um GEOdestino completo, no melhor sentido da palavra.

Se iria novamente? Quantas vezes fosse preciso até conhecer ruína por ruína 💕

Há muito ainda o que ver e fazer, não citei nem metade das ruínas e também não fotografamos tudo. Posso ainda citar como pontos importantes para visitar o anfiteatro e jardim dos fugitivos.

No mapa que disponibilizei abaixo, há sugestão de percursos de duas horas, um dia inteiro e meio dia. Diria que nós fizemos o de meio dia
😊

Hospedagem

Nos hospedamos em Nápoles. Como chegamos um dia antes da data prevista, ficamos em dois hotéis diferentes. Um próximo a Estação Centrale e o segundo no centro histórico. No post de Nápoles entrarei nos detalhes.

Vou ficando por aqui, pois o papo já está bem extenso
👀

Foro di Pompei - Hora de ir embora - FELIZES 😍

Nos vemos em HerculanoSaudações Geográficas 🙋  

LINKS PESQUISADOS E SUGESTÃO DE LEITURA


Para entender melhor Pompeia:

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